A equipe do Lugar de Vida – Centro de Educação Terapêutica participa do XIV Colóquio do LEPSI – Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais sobre a Infância – IP/FE – USP, evento on-line que acontece entre 18 e 20 de novembro, com o tema Os Nomes da criança: infânciaS, alteridade e inclusão. Um ótima oportunidade de interlocução entre a psicanálise, a educação e a infância. No dia 18, quinta-feira, entre 9h e 12h, a equipe interdisciplinar do Lugar de Vida realiza uma oficina que seguirá os princípios que fundamentam a prática da instituição com a diversidade dos grupos e das trocas possíveis do encontro. Também no dia 18, às 13h, Maria Cristina Kupfer, profissional psicanalista do Lugar de Vida e autora do livro Arthur: Um Autista no século XIX, participa de debate sobre a obra. Para mais informações e inscrições acesse: https://convibra.org/congresso/lepsi/home/
A oficina do Lugar de Vida será conduzida por Maria Eugenia Pesaro (psicanalista), Mariana Trenche de Oliveira (fonoaudióloga) e por Maria da Paz Castro-Gunga (educadora). Os trabalhos começam com uma breve apresentação da prática da Educação Terapêutica e dos eixos de leitura psicanalítica para o acompanhamento da constituição psíquica e da escolarização da criança (roteiro APEGI), instrumento que se opõe à tendência classificatória e objetalizante dos “protocolos científicos” contemporâneos e busca evidenciar a expressão subjetiva e singular da criança em seu desenvolvimento, em seus modos de aprendizagem e em sua condição relacional.
Após a apresentação de alunos-caso em subgrupos, os participantes da oficina voltam a se reunir para a discussão sobre alguns princípios que regem uma educação inclusiva, visando a subjetividade da criança, a função do outro semelhante e o saber do professor.
Às 13h, também no dia 18, a psicanalista Maria Cristina Kupfer participa de debate sobre a sua obra Arthur: Um Autista no século XIX, tendo como moderadora Marina Bialer. O livro é um romance sobre um autista, filho de uma camponesa, que nasce na propriedade de uma aristocrata, na França. Em entrevista ao Jornal da USP, Maria Cristina Kupfer explica que integrar Arthur no século 19 e em uma comunidade na França é uma tentativa de oferecer um recuo no tempo e no espaço ao leitor. “Acredito que essa estratégia permite que as pessoas vejam o autista de uma perspectiva diferente daquela organicista e reducionista, que é dominante nos dias atuais”, comenta. “Assim, Arthur tem de certa forma um caráter político, no sentido de que faz resistência à supressão do sujeito no discurso da ciência.”
Há mais de 30 anos, o Lugar de Vida – Centro de Educação Terapêutica atende crianças que apresentam entraves em sua constituição psíquica e dificuldades no estabelecimento de laços sociais, como os casos considerados de autismo e de psicose infantil. Na prática da Educação Terapêutica, que articula princípios da psicanálise com a educação, as famílias das crianças e as escolas que frequentam são consideradas agentes fundamentais de sua construção subjetiva e de seu processo educativo sendo, por isso, acolhidas por meio de encontros de grupos. O dispositivo institucional de grupos heterogêneos entre crianças, entre pais e entre professores, tem demonstrado sua potência para a sustentação simbólica da palavra, das trocas entre pares e de ressignificações sobre a criança.
Entre os eixos de trabalho do XIV Colóquio do LEPSI estão: Educação especial e educação inclusiva; Formação e trabalho de profissionais da infância; Infância e políticas públicas; Infância, juventude e clínica; Infância, juventude e diversidade; Juventude e políticas públicas; Mal-estar contemporâneo e impasses na educação.
